Revisão Geral


Imagem é realidade?
Aspectos importantes para leitura da imagem
ü A imagem não constitui o “registro objetivo” da realidade.
Maurício Puls sugere alguns aspectos importantes para que façamos a leitura da imagem:
·      apesar de, aparentemente, ser um objeto semelhante à realidade, a imagem se constitui antes como símbolo para mitificar personagens ou fatos do que como “verdade histórica”;
·      o uso do campo contextual é fundamental para a compreensão da imagem, já que certos aspectos somente são revelados com o conhecimento da História (ou da cultura) que a envolve;
·      o uso do campo do objeto é imprescindível, pois sua leitura inicia e ocorre de fato a partir de sua composição (como o lugar da cena e dos personagens, o que vestem e como estão posicionados etc.).
A imagem é uma forma de conhecimento, campo de saber e conhecer o mundo e, consequentemente, lugar propício para se educar e formar cidadãos.

Imagem é conhecimento
Ao estudar a imagem na mídia impressa, precisamos compreender sua epistemologia (estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, motivo pelo qual também é conhecida como teoria do conhecimento), o que é possível conhecer e aprender a partir de sua composição; identificarmos suas diversas funções na história, a partir das quais visualizamos sua importância e usos feitos ao longo do tempo; e compreender os mecanismos que ajudam na percepção de seus aspectos, que permitirão entrar nos espaços de sua composição.
É preciso que você compreenda:
·      a imagem como forma de conhecer o mundo;
·      a utilização de suas potencialidades educacionais; e
·      os mecanismos para a leitura adequada de suas várias manifestações.

Imagem e realidade
Segundo o autor francês Jacques Aumont (1995), a imagem estabeleceu, basicamente, três relações com a realidade:
  • simbólica;
  • estética; e
  • epistêmica.
No campo do simbólico, essa relação dá-se de forma convencional, a partir da representação de objetos significando coisas abstratas.
No campo do estético, a imagem estabelece a relação dos homens com o mundo a partir da representação de objetos, buscando sensações específicas vinculadas ao campo da beleza e do encantamento, como a escultura de Bernini. Ao longo do tempo, pelo prazer estético que proporcionava, essa categoria de imagem associou-se, naturalmente, às obras de arte, a ponto de se confundirem. No entanto, essa sensação específica não somente se encontra apenas em objetos artísticos, mas também em vários outros objetos midiáticos, como filmes publicitários e cinematográficos, fotografias e cartazes, vídeos e programas televisivos, quadrinhos, tiras de jornais e charges.
A última das relações que a imagem estabelece com a realidade pode ser encontrada na esfera epistêmica. Nesse campo, a partir das dimensões visuais que usamos para rememorar e reconhecer certos aspectos como partes do mundo em que vivemos, as imagens são mecanismos que os indivíduos usam para conhecer determinada realidade ou personagens, imagens que, por sua vez, tanto podem ser fotografias ou pinturas.

Categorias da imagem
Apesar de, em princípio, separarmos essas categorias de imagens como simbólicas, estéticas e epistêmicas, em nenhum momento podemos dizer que elas são categorias puras, isoladas, sem inter-relações. Como objeto construído pelo homem, a imagem tem finalidades diversas.
Em certos momentos, simboliza o que representa e faz com que os elementos visuais signifiquem mais do que cores, luzes e formas; reconstrói com outras “vestes” o real a partir da arte, que pode reproduzir ou até mesmo recriar a realidade; e, por fim, explica ou nos mostra de fato como é ou era a realidade captado por uma fotografia, desenhada pelas mãos de um artista ou caricaturizada por um chargista. Se você observar novamente a tela de Pedro Américo, verá que sua mensagem não se resume apenas ao que percebemos, já que reconstrói através da arte a história para apresentar um fato da forma que pretendeu nos mostrar.
Pertencendo as fotografias, quadrinhos, desenhos, charges e tiras de jornais ao campo da imagem, a epistemologia das mídias visuais é importante porque proporcionará a você conceitos que permitirão trabalhar o seu caráter eminentemente educativo. Assim, em materiais impressos, as imagens são tão importantes quanto qualquer outra mídia.

Álbum de Família
Se você lembrar que o campo estrito do objeto, como vimos na primeira etapa, é o ponto de partida para a leitura da imagem, perceberá que um dos caminhos para utilizar a imagem como tecnologia educacional (sejam fotos, quadrinhos, charges ou desenhos) precisa obedecer a alguns passos:
  1. seleção;
  2. categorização; e
  3. sistematização dos elementos da dimensão visual.
Assim, no processo de interpretação, são importantes os objetos que vemos em fotografias como a da família de Wegner, quais sejam as roupas das pessoas fotografadas, as mobílias dos espaços onde posaram para a foto ou a expressão de cada face. Portanto, é possível descobrir os mistérios que rondam as fotografias, conhecer o que está registrado e aprender com o visível.

Reconhecimento/Rememoração
Quando analisa o universo imagético, o teórico francês Jacques Aumont (1995) coloca que a imagem, em última instância, tem por função “garantir, reforçar, reafirmar e explicitar nossa relação com o mundo visual: ela desempenha o papel dedescoberta do visual [grifo do autor]” (AUMONT, 1995, 81). Desse modo, são as dimensões visuais da realidade que determinam a relação da imagem com o mundo, isto é, os objetos representados e apresentados pertencentes e reconhecidos no universo humano e natural no qual vivemos. Assim, fotografias de famílias como a do álbum da família Wegner e de sua própria família carregam uma série de informações, principalmente pelo que percebemos no campo da imagem (historicamente, contextualizada).
Portanto, o início do percurso pelo mundo da imagem presente nos livros didáticos (impressos) utilizados em sala de aula dar-se-á a partir dos objetos que você e seus alunos veem em uma fotografia ou em reproduções de pinturas. Imagens representativas do passado ou de fatos do presente, imagens de objetos originários ou não nos espaços geográficos nos quais vivemos, pertencentes e integrados ou não a nossa cultura

Para Ernest Gombrich (citado por AUMONT, 1995, p. 81), a dimensão visual é marcada pela presença, por parte do espectador, de dois conceitos psicológicos sempre utilizados para fazer a Leitura de Imagem: reconhecimento e rememoração.
Esses são dois conceitos que usamos ao olhar para uma imagem, sobretudo porque, mesmo que não a tenhamos vivido, o que vemos passa pelo que já conhecemos, acarretando o acesso imediato a nossa memória. Assim, ensinar a partir de imagens em materiais impressos não necessariamente precisa do conhecimento técnico sobre fotografia ou pintura, charge ou quadrinhos, mas, antes de tudo, da percepção visual e do capital cultural que, historicamente, existe em cada um de nós.

Imagem e percepção
·      Percepção visual
·      Capital cultural
Os conceitos trabalhados por Jacques Aumont (1995), reconhecimento e rememoração, são procedimentos eficazes para iniciarmos o processo de Leitura de Imagem, principalmente porque, além de deslocar a alfabetização para leitura da imagem do tecnicismo e de terminologias abstratas, considera o conhecimento de mundo e o contexto histórico-cultural de formação do sujeito-leitor, já que o que se percebe é o que se reconhece ou se rememora em uma dada imagem.

a) Conceito de reconhecimento
O processo de (re) conhecimento dos objetos humanos ou naturais consiste basicamente em identificar e, em seguida, abstrair motivos que já estão na realidade da imagem. Essa identificação, por sua vez, é regulada por um princípio que lhe é próprio: a constância perceptiva. Já que reconhecer não é constatar uma similitude dos objetos representados em uma fotografia ou desenho com seus similares no mundo real. É, antes de tudo, encontrar estruturas invariáveis da visão que, naturalmente, compara o que vemos com o que já vimos. É assim que, no caso do desenho de Leonardo Da Vinci, apesar de não sabermos a qual corpo se refere, sabemos que aqueles elementos visualizados enquanto dados da imagem nos informam ser de um corpo humano. Portanto, o que vemos em uma imagem nasce de um processo de reconhecimento em relação a outros lugares e tempos e, consequentemente, penetramos no conhecimento do que está fotografado, pintado ou desenhado.

b) Conceito de rememoração
Já o processo de (re) memoração, que está ligado ao reconhecimento (porque, ao reconhecer, ocorre no ato de ver o processo de rememoração), dá-se a partir do que é esquemático na realidade. Enquanto recurso de (re) memoração, o esquema é fundamentalmente econômico e não apresenta variação estrutural, como a silhueta de um corpo humano com a estrutura óssea e esquelética. Partindo das formas iniciais às formas absolutas dos objetos, a rememoração proporciona, a seu modo, um estado crescente e evolutivo na apreensão dos dados e informações ao se fazer a Leitura de Imagem. Ao rememorar e apreender, a partir de seus aspectos iniciais, é possível conhecê-los. Desse modo, ao trabalhar a memória como procedimento para obter conhecimento sobre o que vê, ocorre a possibilidade dos seus alunos aprofundarem o que até então se localizava na superfície.




Unidade 1
Gêneros Jornalísticos na Televisão
A categoria telejornalismo manifesta-se na programação televisiva nas seguintes subcategorias: Entrevista, Reportagem, Programa de Debates, Documentário e Telejornal. Além dessas, distingue-se a informação em outras subcategorias episódicas, caso do Plantão, das inserções jornalísticas nos Programas de Variedades, em Emissões de Jornalismo Especializado (diárias e, sobretudo, semanais) e nos Espetáculos Midiáticos globais.

A entrevista e o debate
Analisar como as pessoas interagem em uma entrevista ou debate televisivo pode ser uma oportunidade singular para observar preconceitos, estereótipos, sentimentos, emoções, intenções veladas, mecanismos de controle social e de também resistência a estes controles.
Além da corporalidade dos próprios falantes, na TV há um aspecto importantíssimo a se observar que vai interferir na construção de sentido final de uma entrevista ou debate (ou de qualquer outro gênero): a posição e o movimento da câmera ao filmar os participantes bem como as possíveis edições/cortes na fala e na imagem.
Por exemplo, se durante um debate político, a câmera insiste em focalizar os punhos cerrados de um candidato, isso poderá contribuir para a construção de um sentido de raiva, irritação, luta, disputa, força etc. Se durante o pronunciamento de uma autoridade, a TV mostra as pessoas da plateia bocejando, cochilando, a leitura implícita é a de que o discurso foi enfadonho, chato, cansativo.

Diferenças entre entrevista e talk show

entrevista
talk show
O entrevistado é o foco e não há show comandado pelo jornalista apresentador.
Os assuntos de política e atualidade são os que freqüentam as pautas dessas entrevistas.
Os cenários dos programas do gênero entrevista permitem ao convidado e ao apresentador ficarem sentados durante todo o tempo. Isso presume uma entrevista de duração mais longa.
Quando existe descontração e intimidade.
O apresentador de entrevista não tem o compromisso de deixar o entrevistado à vontade, podendo questioná-lo sobre fatos polêmicos e chegar até à discórdia, o que denota seriedade e compromisso com a verdade, atribuições dos programas jornalísticos.
As entrevistas podem ter por assunto principal tanto a vida do próprio entrevistado quanto uma ou mais informações de domínio dele.
Uma composição cenográfica que permita ao apresentador andar pelo cenário e entrevistar os convidados de pé.


Unidade 2
Telejornal
O telejornal é a subcategoria por excelência da categoria telejornalismo. Distingue-se por características próprias e evidentes, com apresentador em estúdio chamando matérias e reportagens sobre os fatos mais recentes - hard news. As emissoras qualificam como telejornais, os noticiários, segmentados ou não, em vários formatos. A transmissão ao vivo dos telejornais dá um tom de atualidade, indispensável aos meios eletrônicos de informação.
ü O espelho sintetiza a organização do telejornal em blocos, a ordem das matérias em cada bloco, bem como dos intervalos comerciais, das chamadas e do encerramento.
ü O texto das notícias pode ser atualizado enquanto o telejornal estiver no ar, diretamente no teleprompter.
ü Hard news - matérias factuais ou quentes - são as notícias do dia, essas notícias referem-se geralmente a acontecimentos não previstos na pauta e têm que ser noticiadas naquele dia.
ü Features - matérias de gaveta, ou matérias frias - é a reportagem “que não está dentro da atualidade do dia-a-dia, mas é realizada em cima de um tema de grande interesse”. (PATERNOSTRO, 1999, p. 142). Ficam ali, de reserva, podendo ser utilizadas a qualquer momento, de acordo com as conveniências editoriais.
ü A primeira parte do espelho é a escalada, que se compõe das manchetes, “frases de impacto sobre os assuntos do telejornal que abrem a transmissão” (CUNHA, 1990, p. 137), ”lidas pelos locutores de forma dinâmica” (PRADO, 1996, p. 81), mesmo antes do boa-noite dos apresentadores. A principal função da escalada é despertar e manter a atenção e o interesse do telespectador do início ao final do noticiário.

ü As matérias jornalísticas em seus mais diversos gêneros e temas são distribuídas em blocos. O número de blocos varia de telejornal para telejornal. Os blocos são separados por intervalos para os comerciais e chamadas para outros programas da emissora. Esses intervalos normalmente começam e terminam com vinhetas que identificam o programa, chamadas de passagens debreak (CUNHA, 1990: 139).
ü Aspecto relacionado ao código icônico, o plano - grau de angulação ou de abertura da câmera em relação à pessoa ou pessoas em foco - interfere também na definição de gêneros. Do mais aberto - Plano Geral - usado em externas para mostrar uma paisagem- ao  close up - quando se quer mostrar o detalhe de um rosto, por exemplo - a variação de planos propiciada pelos movimentos deaproximação (zoom - in) e de afastamento (zoom - out) pode simbolizar uma mudança de tratamento ao telespectador. Quanto mais fechado o plano, por exemplo, maior será a conotação, para o telespectador, de teor de intimidade na fala do apresentador.

Unidade 3
Ao contrário do trabalho jornalístico voltado para a produção de notícias e reportagens, o documentário necessita, além de um maior tempo de elaboração, um envolvimento exclusivo dos profissionais que trabalham em sua execução. Isso implica aumento de custos para as TVs, tornando o documentário um gênero pouco viável economicamente dentro da perspectiva de negócios das empresas de telecomunicações.
Na maioria dos canais abertos de TV, mesmo quando uma equipe é designada para cobrir em profundidade um fato, em geral, o máximo que se faz é uma grande reportagem ou uma série de reportagens que serão inseridas no telejornal da emissora.
Entre a reportagem, a reportagem especial e o documentário existe uma série de diferenças quanto ao tratamento da informação. A mais significativa diz respeito à mudança de gênero. Aqui iremos apontar algumas dessas diferenças para que você possa trabalhar melhor com estes gêneros em sala.


documentário
reportagem
Subjetividade.
É um gênero fortemente marcado pelo “olhar” do diretor sobre seu objeto. O documentarista não precisa camuflar a sua própria subjetividade ao narrar um fato. Ele pode opinar, tomar partido, se expor, deixando claro para o espectador qual o ponto de vista que defende.
O documentário é uma obra pessoal, sendo absolutamente necessário - e esperado - que o diretor exerça o seu ponto de vista sobre a história que narra. E cada imagem, cada trecho de fala que o documentarista seleciona para fazer parte de seu filme é a expressão de um ponto de vista, quer ele esteja consciente disso ou não.
O ponto de vista é, além de um posicionamento ideológico, uma escolha estética e implica, necessariamente, determinadas escolhas cinematográficas em detrimento de outras: determinados tipos de plano, técnicas de montagem etc.
Já quando se assiste a documentários não há essa sensação de uniformidade. Normalmente as imagens são bem elaboradas, sofisticadas, como no cinema.

Objetividade. Busca neutralidade, imparcialidade.
O repórter não pode ser subjetivo sob pena de ser considerado parcial, tendencioso e, em última instância, de manipular a notícia.
No geral, no jornalismo de TV há um formato-padrão para o tratamento da imagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário